domingo, 13 de maio de 2012

Remanescentes Xokó da Ilha de São Pedro em Porto da Folha/SE


SÍNTESE/ÍNDIOS XOKÓ

 Marcos Paulo Carvalho Lima


As notícias mais antigas relacionadas aos Xokó, datam dos finais do século XVII, já habitando as margens do Rio São Francisco.

Como anteriormente não são elencados pela historiografia sergipana, é possível que eles tenham chegado à região como resultado dos remanejamentos feitos pelo Estado Português, junto com a Igreja Católica. Quando os embates com grupos indígenas, aqueles que sobreviviam eram deslocados para os locais onde estavam implantadas missões religiosas.

Durante o governo de Afonso F. de Castro, em 1672, foi fundada pelos capuchinhos franceses a Missão de São Pedro de Porto da Folha, que, segundo tradição oral, seria delimitada por seis marcos de pedra afixados pelos primeiros conquistadores, espanhóis e portugueses, em 1653 (FIGUEIREDO, 1981, p. 88). Tendo como principal missionário o Frei Anastácio, que permaneceu nessa redução por mais de seis anos.

Em 1724, a população indígena Xokó eram 320 índios, já em 1758 esse número foi reduzido a 250 Xokó. Em 1802 tivemos informações que no sertão pernambucano haviam um pequeno grupo de índio Xokó, fato esse que não são confirmados. Em 1821 foi criado a freguesia de São Pedro, com isso um sacerdote conhecido como Gaspar Farias Bulcão, foi nomeado para cuidar da aldeia dos índios Xokó.

Na segunda metade do século XIX, quando por acaso o Imperador D. Pedro II, visita a Ilha de São Pedro, o povo Xokó solicitou-lhe que delimitasse o território indígena das fazendas em volta. Foi atendido, determinou que demarcasse a área em questão e a favor dos índios, por sua vez, o Presidente da Província em Sergipe, Sr. Amâncio João Pereira de Andrade, ao saber da demarcação da reserva indígena, uma área excelente para criação de gado, fez uma declaração que dizia o seguinte: na aldeia não há se quer uma casa; e indagava os índios Xokó como povos miseráveis.

Após anos de luta e batalha, para fazer prevalecer os seus direitos, em maio de1993 o Povo Indígena Xokó, realiza a primeira festa no Caiçara onde convidam os amigos que lutaram pela causa, para celebrar essa grande vitória. No mesmo mês tomam posse definitivamente da área indígena Caiçara. Outra festa foi realizada, sendo que essa foi exclusiva para a comunidade, celebrar e festejar todos esses anos de luta.

Os remanescentes Xokó, da Ilha de São Pedro, município de Porto da Folha, é única memória coletiva que Sergipe tem da presença de índios no Estado.

Os Xokó em sua origem são remanescentes de vários grupos indígenas. Ao decorrer do tempo passaram por miscigenações, foram perdendo suas características culturais fenotípicas de seu grupo de origem.

Hoje são em média 80 famílias, alguns parentes vivem em Aracaju, em Nossa Senhora do Socorro, ou em municípios vizinhos a Porto da Folha. A comunidade conta com uma instituição escolar (Colégio Estadual José Brandão de Castro, um CRAS, duas Associações e um Igreja (Igreja de São Pedro).

Principais lideranças: Raimundo Pajé, Cacique Bá, Apolônio Xokó, Jairo (Associação Indígena do Povo Xokó e Ilma, líder das mulheres.

Um comentário:

  1. Estive recentemente nesta aldeia, esses índios são verdadeiros guerreiros da história indígena sergipana e o Cacique Apolônio é uma riqueza em conhecimento.

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