Por Marcos Paulo e Bárbara Barbosa
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
domingo, 16 de setembro de 2012
Ilha de São Pedro/Comunidade Indígena Xokó
Por Bárbara Barbosa dos Santos
O 09 de Setembro de 2012 - A Histórica Festa de Retomada da Ilha de São Pedro e Casamento do Cacique Bá
O princípio
A Cerimônia de
Casamento
O 09 de Setembro de 2012 - A Histórica Festa de Retomada da Ilha de São Pedro e Casamento do Cacique Bá
O princípio
O dia nove de setembro
para muitos apenas um domingo como outro qualquer. Porém em um lugar a
aproximadamente 200 quilômetros de Aracaju mais precisamente na Ilha de São
Pedro, a Comunidade Indígena Xokó, tinham dois grandes motivos para comemorar. O
primeiro é que esta data representa (A chegada a Ilha de São Pedro momento
indelével para História de Sergipe), a inesquecível luta desses bravos
guerreiros que atravessou gerações tendo como uma das lideranças Apolônio Xokó,
chegando por três oportunidades ao posto de cacique. Fatos marcantes contam a
Luta do Povo Xokó, um desses importantes momentos foi, junto ao então
Procurador da Republica Evaldo Campos, apoio tão esperado adotando a causa como
prioridade antes da sua aposentadoria consagrando, portanto, vitoriosa à causa
em prol dos Índios Xokó da Ilha de São Pedro.
No dia 09 de setembro
de 2012, dois momentos atraíram pessoas de diversos lugares, a primeira razão é
a histórica comemoração da chegada a Ilha de São Pedro, completando 33 anos de
retomada, a segunda razão comemorativa foi o casamento de dois jovens índios, o
cacique Bá 29 anos de idade com a jovem Daniele Xokó.
A chegada
Sábado
8 de setembro após três horas de viagem chegamos à comunidade Xokó, por todos
os cantos burburinhos crianças correndo, jovens e adultos espalhados, no imenso
pátio formavam grupos aleatórios que se reuniam em frente às casas ou
circulavam pela aldeia. Tudo em volta era o prenuncio de festa, a alegria
contagiava a todos, logo fomos recepcionados pela família de Sr. Raimundo
(Pajé) e em seguida por Apolônio Xokó (ex-cacique), que nos conduziu a uma das
casas para nos acomodar com nossas “tralhas”. Éramos um grupo com sete pessoas.
Na mesma noite fomos convidados a jantar na casa do pajé Raimundo Xokó, diga-se
de passagem, que recepção maravilhosa e o mais surpreendente é que no dia
seguinte a confirmação de que o povo Xokó não são apenas guerreiros, eles,
sobretudo são hospitaleiros e cativantes, essa confirmação está no registro dos
dois dias em que ficamos fazendo nossas refeições na casa de Mauro e Yara Xokó
que se dedicavam em nos servir em cada refeição o que eles tinham de melhor, e
aqui nos referimos ao alimento disposto à mesa e ao alimento espiritual: a
amizade.
As
quatro da manha do sábado para o domingo fomos surpreendidos pelo barulho dos
fogos, era o anuncio de que aquele Dia não era um dia qualquer era o grito que
agora saia com a força do peito e ecoava em todos os cantos da Ilha de São
Pedro e da Caiçara desde o 9 de setembro do ano 1979 quando os remanescentes
Xokó tiveram sua terra de volta, era também a união do jovem cacique Bá com sua
amada Daniele Xokó. Nesse momento a pisada forte e o entoar de um canto faz-se ouvir,
é o ritual do Toré uma das grandes expressões da força, espiritualidade e
resistência dos índios. Parecendo que estávamos comandados pelo efusivo ritual
sem perceber, assim como outros não índios levados a participar da referida
dança que teve o seu termino as cinco e trinta da manha.
Era
10h e 40min da manha, estávamos todos a postos, olhos voltados para o caminho que dá às matas, ávidos de curiosidade aguardando o retorno dos índios
da caiçara, fotógrafos profissionais, amadores, acadêmicos, pesquisadores, todos
procurando um local estratégico para registrar o acontecimento, com câmeras
fotográficas ou pelo celular todos, queriam guardar esse momento. De repente
surge um grupo de índios com seus trajes tradicionais ao som de maracás e
entoando um canto que enterneceria até o coração mais bruto, era um “que” de
força, vida, nostalgia e virilidade, trazendo com eles o noivo cacique Bá. Em
seguida outro grupo surge, desta vez só índias participavam, com elas a noiva
Daniele Xokó, ambos os grupos se dirigiram para o centro do pátio, onde já
esperava o Pajé Raimundo Xokó e sua esposa, para receber os noivos e ali
começava um dos mais belos cerimoniais já visto pelos presentes. Foi uma
cerimonia única até então não vivida pelos próprios remanescentes Xokó da Ilha
de São Pedro.
Carlos Sena e Paulinho Carvalho
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