quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Artigo apresentado no III Colóquio do GPCIR

Índios em Sergipe: O resgate da identidade na terra da Caiçara


Rose Almeida[1]
Marcos Paulo Lima²

Acabou aquela história de chamar de patrão,
aqui a terra é de todos, não é para negócio, é para trabalhar.
Essa terra é um bem histórico, é a terra dos Xokó.
 É um bem de raiz.
(Pajé Raimundo, Xokó, 74 anos)
Resumo
Havia em Sergipe no século XIX aproximadamente cinco aldeias indígenas que desapareceram das documentações oficiais e nada fora escrito sobre elas, sobretudo o que teria lhes acontecido. Os Xokó são povos remanescentes advindos de vários grupos indígenas que no decorrer do tempo passaram por miscigenações, perdendo suas características culturais e fenotípicas de seu grupo de origem. A presente pesquisa tem por objetivo analisar a trajetória do resgate da identidade do povo Xokó na terra da Caiçara, localizada na cidade de Porto da Folha, Sergipe. A perda gradual do espaço geográfico da aldeia São Pedro, como também é conhecida essa região, comprometeu a organização social dos Xokó, fortemente ligada aos seus conceitos míticos. Não só a perda do seu território alterou os aspectos culturais desses índios, mas o processo de anulação dos seus valores culturais também corroborou para seu efetivo desgaste. Destituídos de seus territórios tradicionais, os grupos indígenas deixaram de ser considerados como coletividades, sendo reconhecidos individualmente como “remanescentes”. Não obstante a expropriação de seu território foi tomado dos Xokó outros valores. Esses povos foram perdendo progressivamente sua identidade, sua forma de organização politica, econômica e social, suas crenças e práticas religiosas, enfim sob a égide de povoar terras devolutas foi tirado dos índios da caiçara sua sistemática cultural.
Palavras Chaves: Índios, Resgate, Identidade e Afirmação Cultural


Résumé
Au XIXe siècle, il y avait dans le Sergipe environ cinq villages indiens. Ils ne sont cependant pas mentionnés dans les documents officiels et rien n'a été écrit à leur sujet, en particulier sur ce qui leur est arrivé. Il reste aujourd´hui les Xoko qui, provenant du métissage de divers groupes indigènes, ont perdu les caractéristiques culturelles et phénotypiques de leur groupe d'origine. Notre recherche vise à analyser comment ces indiens, peuplant les terres de Porto da Folha dans le Sergipe, peuvent réussir malgré tout à préserver une identité. La diminution progressive de l'espace géographique du village Saint-Pierre, la région étant également connue sous ce nom, a compromis l'organisation sociale des Xoko, fortement liée à des concepts mystiques. Cette perte de territoire modifiant  certains des aspects de la culture xoko s´est de plus cumulée à un processus de destruction de leurs valeurs culturelles. Privés de leurs territoires traditionnels, les groupes indigènes ont cessé d´être reconnus en tant que collectivités, les indiens individuellement n´étant plus considérés que comme une « survivance ». Mais l'expropriation ne s´est pas limitée au territoire, elle a aussi concerné les valeurs mêmes des Xoko qui ont perdu progressivement leur identité, leur forme d'organisation politique, économique et sociale, leurs croyances et pratiques religieuses, En bref, sous le motif d´occuper des terrains vacants, c´est tout leur système culturel qui leur a été retiré.
Mots-clés : Indiens de Sergipe, Sauvetage, Identité, Affirmation Culturelle et Territoriale.


[1]Autora: Acadêmica do curso de História da Universidade Federal de Sergipe, bolsista do PIBID sob a orientação da professora Célia Cardoso Costa. Email: rosetraquina@hotmail.com
² Co-autor: Acadêmico do curso de História da Universidade Federal de Sergipe, membro do Grupo de Pesquisa Cultura, Identidade e Religiosidade pela Comissão de Estudos “Índios em Sergipe”, sob a orientação do professor Antônio Lindvaldo Sousa.



Introdução
Este artigo tem como objetivo analisar o resgate da identidade do povo Xokó na terra da Caiçara localizada na cidade de Porto da Folha, Sergipe.  A metodologia aplicada nesta pesquisa foi o levantamento de fontes bibliográficas e orais. O referencial teórico utilizado foi: Avelar Araújo Souza Júnior, Beatriz Gois Dantas, Maria Thétis Nunes, Araci Lopes da Silva, Hélia Maria de Paula Barreto, Nobert Elias entre outros.
Havia no século XIX em Sergipe, aproximadamente cinco aldeias indígenas que desapareceram das documentações oficiais e nada fora escrito sobre elas, sobretudo o que teria lhes acontecido. A pesquisadora Beatriz Gois Dantas no final dos anos 60 e inicio dos anos 70, partiu para os arquivos sergipanos, especialmente o Arquivo Histórico de Sergipe, onde com dedicação, paciência e apoio de sua equipe foi organizando e catalogando importantes documentos sobre os povos indígenas que habitavam Sergipe.
A história da Caiçara, como ainda hoje é popularmente chamada à região habitada pelos remanescentes indígenas sergipanos, se mistura a história do município de Pão de Açúcar em Alagoas, tendo em vista a proximidade entre os municípios.  Porto da Folha em Sergipe era chamado de Jaciobá (“espelho da lua” em guarani). A história do município alagoano, diz que a região era habitada por índios da tribo Urumaris, que foram expulsos por índios Chocós da Ilha de São Pedro, em Porto da Folha, que ao atravessarem o rio  denominaram o local também de Jaciobá, atual Pão de Açúcar. No baixo São Francisco, os Xokó foram encontrados também nos municípios de São Braz (AL), Porto Real do Colégio (AL) e Pacatuba ( AL).
Os Xokó são povos remanescentes advindos de vários grupos indígenas que no decorrer do tempo passaram por miscigenações, perdendo suas características culturais e fenotípicas de seu grupo de origem. Muitos dos remanescentes que vivem hoje na Ilha de São Pedro, por lá já habitavam a época da expropriação de suas terras pelos fazendeiros, presenciaram ainda crianças a expulsão de suas famílias da região da Caiçara.
E mesmo após a reconquista de suas terras, muitos percalços ainda assolaram o cotidiano do povo Xokó, principalmente no que se refere ao resgate de sua identidade e de sua dinâmica cultural, pois não só a perda de seu território alterou a rotina dessa comunidade, mas o processo de anulação dos seus valores culturais contribuiu para seu efetivo desgaste.

Espaço Territorial:
O território dos índios Xokó está localizado às margens do rio São Francisco, na ilha de São Pedro, também conhecido popularmente como terra da caiçara no município de Porto da Folha Sergipe, fazendo limite com a cidade alagoana de Pão de Açúcar, compreendendo na sua totalidade 4.317 hectares.  As terras dos Xokó foram demarcadas como área indígena desde o inicio do século XVIII, quando o governo português delimitou como território indígena várias áreas no Brasil.
(...) dê toda providência necessária a sustentação dos Párocos e índios do Brasil sobre que se tem passado repetidas ordens e se executam pela repugnância dos Donatários e Sesmeiros que possuem as terras dos sertões. Hei por bem, e mando que a cada uma missão se dê uma légua de terra em quadra para sustentação dos índios e missionários com declaração que cada aldeia, se há de compor ao menos de cem casais. (Alvará de 23 de novembro de 1700. BIBLIOTECA NACIONAL, 1944:67).
O espaço geográfico que atualmente corresponde ao Estado de Sergipe, principalmente os vales dos seus rios até as fozes, foi ocupado em tempos históricos por inúmeros povos indígenas que manifestaram formas peculiares de organização sócio-cultural, levando-se em consideração a grande diversidade de povos e línguas faladas, presentes num mesmo território, tendo como elemento singular sua pluralidade, onde muitas destas línguas foram extintas com seus povos. Estima-se que até os primeiros anos da invasão colonial teriam vivido em terras sergipanas diversos grupos, entre eles: Os Tupinambá, dominavam a faixa do litoral Sergipano, os Kiriri mais ao Sul de Sergipe, os Boimé, Kaxagó, Katu, Xocó, Romari, Aramuru e karapotó ao Norte de Sergipe próximo ao Rio São Francisco.
DANTAS (1997:12) relata ainda quando os Xokó chegaram à Ilha de São Pedro:
(...) as referências mais antigas a índios Xokó referem-se a grupos situados nas imediações do rio São Francisco (...) Somente no final do século XVIII encontraram-se em fontes escritas referências aos grupos Xokó... gravados sob diferentes formas: Schocó, Xocó, Choco, Chocoz, Ciocó, Ceocose. Sugerem quase sempre associados a espaços missionários. Há registro de Xokó em tempos passados, num espaço geográfico que vai de Sergipe ao sul do Ceará. (...)
            Importa salientar que desde o século XVI o nordeste foi dividido e distribuído em sesmarias, com exceção das terras indígenas, submetidas a ordens religiosas.  Assumiu a catequese dos íncolas sergipanos os franciscanos, carmelitas, jesuítas e capuchinhos. O crescimento da economia açucareira suscitou por mão-de-obra escrava, que no primeiro século da colonização era formada por índios que eram capturados e enviados a diversos engenhos da Bahia e Pernambuco.
Observa-se que o processo civilizador proposto e implementado durante a colonização do Brasil, foi assumido tanto pelas estruturas políticas vigentes quanto pela igreja católica, a violência era medida estratégica para a destruição das populações autóctones implicando em sua eliminação gradual e avassaladora.
            Um dos mais radicais processos de informalização desse tipo foi a destruição dos rituais que davam significado à vida e sustentavam modelos de vida coletiva entre os povos mais simples. No processo de colonização e no trabalho missionário por europeus. Talvez fosse útil examinar isso brevemente. Um dos mais extremos exemplos da desvalorização de um código que fornece significado e orientação a um grupo em ligação com a perda de poder do seu             grupo portador é a eliminação das classes superiores nas Américas Central e do    Sul, no decorrer da colonização e imposição do cristianismo pelos espanhóis e portugueses. (ELIAS, 1997, p. 77).
            José Bonifácio de Andrada e Silva, figura central no processo de constituição do Brasil independente, endereçou em 1823 à Assembléia Nacional Constituinte os “Apontamentos[1] para a civilização dos índios bravos do Império do Brasil”. Estes apontamentos, sugerindo um conjunto de medidas de “que se deve lançar logo mão para a pronta e sucessiva civilização dos Índios...” (p. 77).
A facilidade de domesticá-los era tão conhecida dos missionários, que o Padre Nóbrega, segundo refere o Vieira, dizia por experiência, que com música, e harmonia de vozes se atrevia a trazer a si todos os Gentios da América. Os Jesuítas conheceram, que com presentes, promessas, e razões claras e sãs expendidas por homens práticos na sua língua podiam fazer os Índios bárbaros o que deles quisessem. Com o Evangelho em uma mão, e com presentes, paciência e bom modo na outra, tudo deles conseguiam. Com efeito, o homem primitivo nem é bom, nem é mau naturalmente, é um mero autômato, cujas molas podem ser postas em ação pelo exemplo, educação e benefícios.(p. 72)

A expedição vitoriosa liderada por Cristóvão de Barros a Sergipe del Rey, teve como objetivo precípuo dominar e cativar os índios, tendo como corolário a fundação da cidade-forte de São Cristóvão e a distribuição de sesmarias aos que contribuíram para tal feito.
Ademais, os que conseguiram escapar ao aprisionamento ou à morte se espalharam pelo sertão, atravessando o rio São Francisco. Com a incorporação do território sergipano ao sistema colonial português, via extermínio e massacre, as antigas terras indígenas passaram a serem divididas e distribuídas em forma de sesmarias entre os colonos brancos, muitos ligados a Casa da Torre, sendo ocupadas gradativamente pelas plantações de cana-de-açúcar e lavouras de subsistência, como também pelas pastagens de gado voltadas aos mercados consumidores da Bahia e Pernambuco (NUNES, 1989:179).
Acrescenta DANTAS:
(...) Muitos índios foram aqui escravizados e levados para as povoações dos portugueses localizadas na Bahia. Numa revolta de escravos, aí ocorrida em 1568, índios fugiram à escravidão e voltaram para o rio Real, sua terra de origem. Esses escravos indígenas constituíam segundo fontes da época, metade dos habitantes de uma aldeia de mil almas o que dá a dimensão da escravização dos índios de Sergipe ainda no terceiro quartel do século XVI. (DANTAS, 1991:33,34).
Destarte, eram constantes os conflitos no município de Porto da Folha, onde habitavam os Xokó. Em 1845, foi criada a Diretoria Geral dos Índios, o que não acarretou estabilidade a região. As terras estavam nas mãos de famílias fazendeiras poderosas e os índios continuavam segregados e explorados.

As Missões Religiosas
Sobrepõe-se ainda analisar outro importante aspecto durante esse período, o marcante papel das missões religiosas junto às populações indígenas do São Francisco, cumprindo a resolução do Governo Imperial de confiar o domínio e a catequese aos capuchinhos italianos, chegando à missão de São Pedro em 1849, representados pelo Frei Doroteu de Loreto que passou a residir no convento ao lado da igreja de São Pedro, recebendo apoio dos fazendeiros locais até o fim de sua permanência em 1878, hoje o que resta do convento são ruínas destruídas pelo tempo, a igreja ainda se mantém de pé e somente depois de dois séculos passou por algumas reformas.
 Frei Doroteu configurou-se nesse processo como personalidade ambígua, determinando medidas drásticas à população indígena da Ilha de São Pedro, como a proibição dos batuques, danças e bebedeiras, obrigação de trabalhos forçados e castigos. Ao tempo em que a permanência do Frei na ilha, inibia as ações dos coronéis de tornar as terras indígenas devolutas, garantindo-lhes legalmente sua expropriação, decerto sua influência não assegurou a posse efetiva da terra aos indígenas, todavia ele contestava a ideia da sua inexistência. Assim comenta Figueiredo (1981, p. 90): “Com a morte, em 1878, de frei Doroteu, índios Xokó passam a ser expulsos da Ilha de são Pedro, a toda hora invadida por donos de terra e seus prepostos, o bacamarte comandando as invasões".
Dom Pedro II em visita a Ilha de São Pedro recebeu dos índios reivindicações acerca dos maus tratos, da violência e da expropriação de suas terras pelos fazendeiros:
Largamos de Pão de Açúcar às dez. Ás dez e quarenta fomos para São Pedro Dias e às onze e dez o vapor tornou a seguir. Haverá na aldeia 100 índios, e muitos portugueses. Aqueles queixam-se destes que lhes aproveitam as terras dizendo o diretor interno, Frei Doroteu, capuchinho, que os índios são indolentes, e quando plantam, dá terras aos pobres às vezes sem exigir renda alguma. (...) algumas mulheres pediram-se para sair de lá o vigário encomendado, Frei Doroteu, e os mesmos índios dizem que ele é mau diretor, porém bom vigário, por ser muito religioso. (...) Ouvi que s índios queixam-se de frei doroteu por ele lhes impedir os batuques, bebedeiras e os obriga a trabalhar, e foi ele quem reparou a Igreja agenciando esmolas. (Fragmento do Diário da Viagem de Dom Pedro II ao Norte do Brasil, encontrado no livro de tombamento do Conselho de Cultura de Sergipe, pp.133-135).
A perda gradual do espaço geográfico da aldeia São Pedro comprometeu a organização social dos Xokó, fortemente ligada aos seus conceitos míticos. O espaço da aldeia tem uma relação com o sagrado e a sua perda implica em falta de referencial para as demais atividades do grupo. Não só a perda do seu território alterou os aspectos culturais desses índios, mas o processo de anulação dos seus valores culturais também corroborou para seu efetivo desgaste.
Depoimento de José Cândido (102 anos) baseado nas histórias que suas tias contavam apud BARRETO (2010):
Iam dançar o Toré escondido (...) Era na beira da lagoa de Pão de açúcar, os primeiros terreiros (...) Jesuíno Abreu, Inocêncio Pires, Manoel Lapada, Quirino e Hipólito vinham dançar escondidos (...) frei Doroteu pediu que mudasse porque não dava certo, estava interrompendo o expediente dele (...) Passaram a dançar embaixo dos imbuzeiros da central (...) Foram para a Serra do Sentado, 500 metros do lado de baixo, do lado do Pajéu de Rubina. No terreiro, mais ou menos uns 200 metros de extensão (...) faziam comida, cozinhavam e dançavam o Toré.

Em 1853 o presidente da província de Sergipe, José Antonio de Oliveira e Silva, solicitou ao imperador a extinção da Diretoria Geral dos Índios em Sergipe, decretada extinta em 06 de abril do mesmo ano, através do decreto nª 1.139. Convicções corroboradas e embasadas no relatório enviado pelo seu antecessor Amâncio João Pereira Andrade ao então Secretário Geral dos Negócios do Império:
Possuindo os índios de Porto da Folha e seus descendentes uma légua de terra, excelentes para criação de gado, não há ali uma casa que se possa notar abastada, sendo todos esses indivíduos, que só chegam ao número de 260, pobríssimos e miseráveis (...) Vivendo eles assim há muitos anos, e sendo povoação composta por esse modo, não há razão alguma para que volte à antiga condição de aldeia; regresso este com que nada ganha a Província nem mesmo homens, que ainda hoje indevidamente se chamam índios (...) uma vantagem que desaparecesse a raça indiana (sic) por meio do cruzamento, desaparecendo também seus péssimos costumes (APES, G 243).
Desta feita, Sergipe passou a afirmar a inexistência de índios em seu território, amparado na lei iniciou-se então a tomada de suas terras, negando radicalmente sua existência e sob o pressuposto de mestiçagem se abstiveram de garantir-lhes assistência, transformando suas propriedades coletivas em latifúndios privados. O aviso número 172  do Ministério dos Negócios do Império de 21 de outubro de  1850, determina incorporar aos próprios nacionais as terras dos índios que já não vivem aldeados, mas sim dispersos e confundidos na população civilizada (APES, PAC.425).

Perda da Identidade
Destituídos de seus territórios tradicionais, os grupos indígenas deixaram de ser considerados como coletividades, sendo reconhecidos individualmente como “remanescentes”. No final do século XIX os registros já não fazem referência a índios em Sergipe, são apresentados como seres do passado, extintos. Nos levantamentos censitários aparece a categoria caboclo, uma nova forma de identificação imposta aos habitantes das aldeias.  (DANTAS, 1991: 51).
Ser índio é ter orgulho de sua história, tentar ficar o mais próximo da natureza, acreditar em sinais de Deus através de pássaros e visões. O ritual faz parte da nossa vida, pois através dele resgatamos a nossa história, sabemos realmente o que significa ser índio, sentimos a força de Deus e a presença do Espírito Indígena. Preservamos os rituais sagrados: danças, costumes com trajes indígenas, pintura do corpo e o toré. (Amanda e Nayane. Povo Xokó: História de Luta e Resitência, MEC/SEED).

 Santos Júnior (2011: p.36) descreve que em 1879 foi solicitada ao Governo Central, pela Câmara Municipal da Ilha do Ouro, sede da Vila, uma légua de terras próprias do “extinto” e “abandonado” aldeamento de São Pedro. Pelo contexto dos conflitos entre índios e brancos, como também entre os próprios coronéis, o processo de outorga dos terrenos indígenas pela Câmara Municipal durou quase uma década, até que, em 12/12/1887, o Ministério da Fazenda declarou a concessão das terras do antigo aldeamento de São Pedro à municipalidade. A partir de 1888, os lotes foram dispostos ao aforamento, tendo sido arrendados pelos vorazes fazendeiros. Dentre ele se destacava o influente Coronel João Fernandes de Brito, que em 1897 apareceu como foreiro de cinco dos oito lotes do antigo aldeamento, compreendendo a Ilha de São Pedro, a Lagoa da Caiçara, Lagoa do Pão de açúcar e Brandão, Lagoa Grande e um terreno encravado em tal conjunto.
Não obstante a expropriação legal, porém imoral, de seu território, foram tomados dos Xokó outros valores. Esses povos foram perdendo progressivamente sua identidade, sua forma de organização politica, econômica e social, suas crenças e práticas religiosas, enfim sob a égide de povoar terras devolutas foi tirado dos índios da caiçara sua sistemática cultural.
Ao longo desses anos o povo indígena Xokó vem construindo um mundo com maturidade organização e prazer. Mesmo assim, fomos chamados de índios atrasados e incapazes. Essa violência nos doeu muito e lutamos uma batalha que valeu muitas vidas, povos inteiros foram destruídos. Grandes homens e mulheres morreram por acreditar em viver enquanto povo livre e com jeito próprio de entender e viver a vida. Tudo isso nos tornou experiente, pois, a dor machuca, mas também nos ensina. (Apolonio Xokó)
Segundo LARAIA (2009:59) apud Sahlins, Harris, Carneiro, Rappaport, Vayda e outros que, apesar das fortes divergências que apresentam entre si, concordam que: “Culturas são sistemas (de padrões transmitidos) que servem para adaptar as comunidades humanas aos seus embasamentos biológicos. Esse modo de vida das comunidades inclui tecnologias e modos de organização econômica, padrões de estabelecimento, de agrupamento social e organização política, crenças e práticas religiosas, e assim por diante”.
Para sobreviver e continuar como descendentes dos antigos habitantes do Brasil, boa parte teve que fugir, como foi o caso dos Xokó, que vivem com os Cariris em Alagoas, ou silenciar. (BARRETO: P.42).

Depoimento de José Cândido (102 anos) apud BARRETO (2010):
João Porfirio botou pra fora meu avô, Manoel Soares. Ele foi para Pacatuba, pra Mata das Araras e Pilicão. De lá veio pra saúde, em Neópolis (...) E meu pai chamava-se Marcionilo, irmão de José, Júlia e Manoel. Ia pra lá, pra cá, caçando meio de vida (...) E a mãe de meu pai chamava-se Maria Gata. Vivia carregando os milho dentro de um saco de corda, chamado aió. (...).
Outra grande preocupação do povo Xokó são as mudanças ocorridas às margens do Rio São Francisco, considerado a maior fonte de riqueza para os ribeirinhos e que por conta da transposição de suas águas, tem prejudicado a vida econômica e social da região. Do São Francisco era retirado parte da proteína consumida pelo grupo, hoje a pescaria é escassa e os prejuízos são inúmeros.
Atualmente as áreas destinadas ao cultivo é pouco significativa, predominando a produção de milho e feijão, a rizicultura, cultivo tradicional, não está sendo realizada, já que as cheias habituais do “Velho Chico” não ocorrem desde 1994, ano do fechamento da barragem de Xingó. O que prejudicou inclusive práticas culturais, pois nos dias dos fechamentos das lagoas para colheita do arroz se dançava o Toré e festejava-se muito. Hoje o que interliga a ilha de São Pedro à Caiçara pela via terrestre, é um pequeno córrego onde passam pequenos veículos, via anteriormente trafegável por grandes embarcações.
A Caiçara hoje só o nome, a lagoa que durante vários anos foi fonte de sobrevivência do nosso povo, na colheita do arroz e na pesca do peixe, Hoje passando em volta dela, não parece ser a lagoa da Caiçara, seca e cheia de mato. Se passaram apenas 33 anos da luta, e estamos aqui no mesmo lugar lembrando daquele 09 de setembro de 1979. Onde era um rio, hoje encontramos uma vegetação rasteira coberta pelo calombi. (Apolônio Xokó).
A produção de cerâmica era um dos símbolos demarcatórios da identidade do povo Xokó, que sem estímulo deixou de existir, o aproveitamento nas terras do baixo São Francisco das argilas e sua transformação em diversos objetos, era prática rentável e disseminadora da cultura indígena local, o trabalho da artesã e seu universo simbólico deixou de existir.
Depoimento de José Nilo apud BARRETO (2010):
No verão era pescar, panelar, carregar lenha na cabeça e nos animais (...) uma parte fazia panela no inverno, mas era sacrifício (...)  O barro para bater precisa estar seco para virar pó. (...) Toda terça-feira, uma base de oito canoas, carregdinhas, chegava, baixinha, pelo rio. Quando não dava pra trazer tudo, voltava outra viagem. Na faixa de umas quinze casas na Ilha, que fazia. Cada casa com duas ou três mulheres que faziam.

Dos Conflitos ao Resgate da Terra e Identidade
A despeito de todos esses conflitos envolvendo “homens poderosos”, os índios Xokó reagiram e insatisfeitos procuravam reverter a situação. Ao longo da história eles reagiram de formas diversas às dos brancos que lhes tomaram as terras e lhes impuseram outro modo de vida. Lutas, fugas e ataques, como os que fizeram à cidade de São Cristóvão em 1751 e 1763, sã algumas das formas de expressão da resistência dos índios de Sergipe (DANTAS 1991:51).
Em relação à reação dos índios aponta Felisbelo Freire:
(...) a ordem pública foi seriamente perturbada pelo assalto que os índios fizeram, em número de três mil, à cidade de São Cristóvão. As desordens nas aldeias sucediam-se. Os índios revoltavam-se contra seus capitães-mores e fugiam de umas para outras, tornando-se preciso medidas enérgicas como as que foram postas em prática para trazer a obediência. Daí nasceu o levante de 1751, que pode ser vencido pela guarnição da capital (FREIRE, 1977:207).
 Em 1888 empreenderam-se em infrutíferas expedições ao Rio de Janeiro, com intuito de reaver a posse de suas terras, tendo como representante da comunidade Manuel Esteves dos Anjos, Lourenço Marinho, Jesuíno Serafim de Souza e Manuel Pacífico de Barros e os índios Antônio Venâncio Ribeiro, Francisco Mathias de Souza e Inocêncio Pires. Em 1917, instigados pelo desprezo dado a sua causa e pela morte do Coronel João Fernandes de Brito, retornaram ao Rio de Janeiro em busca de suas reivindicações há muito suscitadas. E mais uma vez não obtiveram êxito, tendo em vista o poder que exerciam os coronéis sobres às autoridades, o que enfraqueceu e dispersou os indígenas, onde boa parte foi morar na aldeia dos Kariri em Alagoas e outros se espalharam por outras regiões, como Mocambo, Pão de Açúcar, Penedo, Carrapicho, Itabaiana e Aracaju. Foram muitos os perseguidos que, fugindo das diversas formas de violência tiveram que abandonar sua terra, seu povo e sua cultura.
Depoimento de José Cândido (103 anos) apud BARRETO (2010):
Nóis plantava 3 alqueires de arroz. E uma e meia era para pagar aos Brito. Fiz uma dívida de 5 mil réis. E corria juro de 5, de 10. Aí disse a Almeida e Joca: Tanto que trabalhei e fiquei sem comer com meus filhos. E ainda disse: Tenho fé em Deus em ter um meu (pedacinho de terra e um cavalo). Um dos dois contou ao coronel Antônio Brito que mandou me chamar... e na conversa falou... Coroné, se falei certo o senhor apóia se quiser. Se falei errado por amor de deus me perdoe. E mais adiante conta da ordem que recebeu. – Tem quinze dias para desocupar a casa.
Afirma Souza Júnior (2011:39) que no decorrer do processo de expropriação legal do seu território, os remanescentes Xokó tiveram de ocultar sua descendência indígena, assumindo-se como caboclos, sertanejos, vaqueiros ou cabras do sertão (...). Contudo os Xokó não desistiram da luta pela terra, e alguns dos seus representantes dirigiram-se mais uma vez a Capital Federal, em 1964, porém, a reivindicação de posse da Ilha de São Pedro não foi novamente atendida. 
Falando sobre os remanescentes ressalta DANTAS (1997:8-12): (...) ser índio é um modo de identificação social e o social não se define pelo biológico (...) desse modo, os Xokó, como muitos outros grupos indígenas do Brasil, particularmente no Nordeste, apesar do tipo físico e da cultura não corresponderem ao estereótipo de índio para o senso comum, identificam-se como índios e têm o sentimento de pertencerem a um grupo de referência muito definido: a comunidade indígena. (...) o que se conhece sobre os Xokó é resultante do encontro e desencontro entre índios, negro e brancos. Encontro marcado por interesses diversos, por trocas, alianças e conflitos ao longo do tempo.
As terras até então aforadas aos fazendeiros, foram vendidas em 1963 a Elizabeth Guimarães Brito, filha coronel João Fernandes de Brito, com a aquiescência do Prefeito de Porto da Folha, Pedro Xavier de Melo e do Governador João Seixas Dória. Em setembro de 1978 os Xokó resolveram cercar a Caiçara e apesar das diversas intimações judiciais, em 1979 os remanescentes Xokó decidiram transferir sua comunidade da Caiçara e do Belém para os 96 hectares da Ilha de São Pedro.
Depoimento do Sr. Raimundo José, o pajé, BARRETO (1984):
Em 1978, João Brito escolheu um candidato a vereador (Gavião) e queria que o povo votasse nele. Veio atrapalhar e depois melhorar a situação. O povo da Caiçara se reuniu e decidiu não votar nele. Os Brito resolveu trancar tudo. Não se planta mais o arroz e não se faz o artesanato de louça. Conversamos sobre o que fazer. Nois vai pra onde? Tem a Ilha de São Pedro que é criatório de gado... Como vai pra ilha? Como? Vamos cercar a Ilha. Só havia a igreja e cemitério. Compramos o arame. Veio  rebuliço. Um monte de processo em Porto da Folha contra os Xokó. Quando intimado, ia todo mundo. Acabaram nossas roças, e as comunidades por fora nos aplaudia. E foram nossos irmão na época...Até sabonete vinha. As crianças sofria com muriçoca, mas fome não...O sofrimento foi uma coisa extremosa, mas vencemos com os poder de Jesus Cristo.
 Em 1988 a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) reconheceu os direitos do povo Xokó sobre suas terras e o Governo Federal através do Decreto 401 de 24 de dezembro de 1991, homologou a sua efetivação como área indígena e somente em maio de 1993, após anos de reivindicações, foi garantido legalmente à população indígena Xokó a reintegração definitiva dos hectares da Caiçara, momento celebrado até os dias atuais com muita festa. 
Em 1999 lhes foi entregue as Fazendas Rancho Bom, Belém e São Geraldo, sendo gradativo o processo de devolução até março de 2003, quando conseguiram reaver a Fazenda Maria Preta. Todo dia 09 de setembro, comemora-se na Caiçara o seu “Dia da Independência”, data alusiva ao dia da invasão da Ilha de São Pedro em 1979.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em Sergipe a situação do indígena não foi diferente do que acontecera no resto do Brasil, a sistemática supressão dessa cultura foi um fenômeno nacional do qual Sergipe não se fez exceção. O povo Xokó configura-se como única memória coletiva da presença de índios no Estado de Sergipe reavendo enfim o direito sobre seu território, todavia a luta em busca de reconhecimento, resgate e reafirmação de sua dinâmica identidade cultural é contínua, merecendo, contudo o devido apoio dos seus, da comunidade acadêmica, das diretrizes institucionais e da população de modo geral.
É sobremodo importante assinalar que os problemas sociais que circundam a vida do povo Xokó nos dias de hoje são inúmeros, e ainda longe de serem suplantados, serviços como o de saúde, saneamento básico e de educação são ainda muito precários. Atualmente são em média 80 famílias residentes na ilha de São Pedro, alguns parentes moram em Aracaju, no município de Nossa Senhora do Socorro, ou localidades vizinhas a Porto da Folha. A comunidade possui uma escola, o Colégio Estadual José Brandão de Castro, um CRAS – Centro de Referencia Assistência Social, duas Associações: Associação Indígena do Povo Xokó e Associação das Mulheres Indígenas Xokó e uma igreja, a Igreja de São Pedro que resistiu, também com muita luta, as intempéries e ao descaso dos detentores de poder.
Durante mais de cem anos os índios Xokó tiveram sua identidade negada, muitos foram perseguidos e submetidos a diversos tipos de atrocidades, contudo,  a luta dos Xokó em reaver a Caiçara foi aos poucos mudando a rotina dessa comunidade, uma luta não somente pela retomada de suas terras, como também em favor do resgate de sua identidade e de sua sistemática cultural.


[1] Apontamentos para a Civilização dos índios brancos do Império do Brasil, encontra-se na coletânea organizada por Otavio Tarquínio de Sousa, José Bonifácio (Biblioteca do Pensamento Vivo, Livraria Martins Editora, São Paulo, 1944, p. 67-93).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRETO, Hélia Maria de Paula. Produção Cerâmica Xokó: A retomada de uma identidade. São Cristóvão: Editora UFS/ Fudação Oviêdo Teixeira, 2010.
DANTAS, Beatriz Góis Dantas. Textos para a História de Sergipe. Aracaju: 1991. Universidade Federal de Sergipe/BANESE.
ELIAS, Nobert. Envlvimento e distanciamento. Lisboa: Dom Quixote, 1997.
________. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. v. 1.
FREIRE, Felisbelo. História de Sergipe. Petropolis: Editora Vozes/Governo do Estado de Sergipe, 1977.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1986.
NUNES, Maria Thétis. Sergipe Colonial I. Rio de Janeiro: Editora Tempo Brasileiro/UFS, 1989.
SANTOS JUNIOR, Avelar Araújo. Terra Xokó: Um espaço como expressão de um povo. Aracaju: Editora Diário Oficial, 2011.
SILVA, Araci Lopes da. Índios. São Paulo: Ática Ed., 1988. (Coleção Ponto por Ponto)
STADEN, Hans. Duas viagens ao Brasil: primeiros registros sobre o Brasil. Trad. Angel Bojadsen. Porto Alegre: L&PM, 2009.
ARRUTI, José Maurício, “Da Memória Cabocla, a História Indígena”: conflito, mediação e reconhecimento. Xokó, Porto da Folha/SE).
ARRUTI, José Maurício Andion.  Etnias Federais: o processo de identificação de remanescentes indígenas e quilombolas no Baixo São Francisco. Tese de Doutorado em Antropologia Social, Museu Nacional Rio de Janeiro, 2002, 422p. (mimeo).

ALMEIDA, Eliane Amorim, MASCARENHAS, M. da Conceição S.G (coord).   Povo Xokó: História de Luta e Resistência. Aracaju: MEC/SEED, 2012.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Um Olhar sobre as Exposições Indígenas: Avaliação de algumas exposições do Museu do Homem Sergipano


Um Olhar sobre as Exposições Indígenas: Avaliação de algumas exposições do Museu do Homem Sergipano1
1 Artigo apresentado no III Colóquio do GPCIR: Intercâmbio Institucional: saberes e fazeres historiográficos. São Cristóvão, 2012.
2 Monitora do III Colóquio do GPCIR: Intercâmbio Institucional: saberes e fazeres historiográficos. São Cristóvão, 2012.


Autora:

Bárbara Barbosa dos Santos2
Graduanda em História pela Universidade Federal de Sergipe, bolsista do PIBID e Membra da Comissão de Estudos Índios em Sergipe, Grupo de Pesquisa Cultura, Identidade e Religiosidade.

Co-Autora:

Damilis Silveira Viana
Graduanda em História pela Universidade Federal de Sergipe, estagiária no Museu do Homem Sergipano e membra da Comissão Pró-MUHSE.

Orientadora:
Verônica Nunes
Licenciada em História/UFS, Mestre me Memória Social e Documento/Uni-Rio. Professora do Núcleo de Museologia/UFS. Diretora do Museu do Homem Sergipano. Aracaju/Sergipe, Brasil.


RESUMO:

O Museu do Homem Sergipano possui uma quantidade de exposições temporárias, tendo como suporte o papel. Estas são resultantes das pesquisas do Setor de Antropologia, do antigo Departamento de Psicologia e Sociologia, da Universidade Federal de Sergipe. As exposições, criadas pelo Setor de Antropologia abordam diversos temas, entre eles: índios, negros, religiosidade e cultura popular. Em parceria da Comissão Índios em Sergipe com o Museu do Homem Sergipano, iniciou-se o trabalho de avaliação e catalogação das exposições com temática indígena. Este artigo é resultado da análise de cinco exposições, que utiliza alguns critérios para classificar quais exposições poderão ser transferidas do suporte original para um que permita melhor armazenamento e transporte.

 
Palavras-chave: Exposições; Museu; índios; Avaliação.
 
ABSTRACT:

The Sergipe Museum of Man has a number of temporary exhibitions supported by papers. These are the result of research executed by Department of Anthropology, the former Department of Psychology and Sociology, from Federal University of Sergipe.

The exhibition created by the Department of Anthropology discusses various topics, including: Indians, Blacks, religion and popular culture. In partnership of Commission Indians with Sergipe Museum of Man, it began work on evaluation and cataloging of the exhibits with indigenous issues. This article is the result of analysis of six exhibitions, which uses some criteria to classify which exposures may be transferred from the original medium that allows for a better storage and transport.


Keywords: Exhibitions; Museum; Indian; Evaluation.
 
1- Introdução:

Este estudo trata da análise e catalogação de parte das exposições com temática indígena que fazem compõe o acervo do Museu do Homem Sergipano (MUHSE). Porém, apesar das exposições estarem localizadas no MUHSE, antes de discorrer sobre as mesmas é necessário situá-las no contexto em que foram produzidas.
Anteriormente ao século XX, os museus brasileiros se inspirando nos modelos de museus da Europa, eram compostos por coleções ecléticas. Porém, seguindo o contexto da especialização do conhecimento nos últimos 25 anos, é crescente a preocupação em tornar as exposições cada vez mais dinâmicas e didáticas. Desse modo a visita ao museu passa a ser mais interativa, pois os visitantes tendem a fazer percursos individualizados, a escolher o que mais lhe interessa e assim as exposições atendem a variados públicos.
Como afirma a Profª Priscila Freire3,


3 Coordenadora do Sistema Nacional de Museus-MINC-SPHAN/Pró-Memória, no ano em que a mesma fez a Apresentação do livro.


"O mundo se redescobre a cada dia. Novas perspectivas inauguram caminhos. O museu redimensiona-se. Antes passivo, ordena-se ativo. Não mais o objeto em si, mas o resumo histórico. (...). O museu reajusta sua função didática. Faz coincidir o estético e o pedagógico. Conceitua-se no contexto histórico e por área geográfica. Cada museu responde a algum aspecto do saber humano. Concentra-se, especializa-se e torna-se antagonicamente, mais amplo. O método visual é a sua linguagem."
(FREIRE, 1988, p.8)

 
Na busca em atender a expectativa desse público diverso, os museus passaram a utilizar inúmeras maneiras de transmissão de informações, por exemplo: uso de cores contrastantes; objetos sugestivos e recentemente, tecnologia em multimídia. Sendo assim, a visão tradicional de museu foi alterada. Ao receberem visitantes com diversos interesses e níveis de conhecimento, as exposições devem ser constantemente avaliadas, exigindo que os curadores, museólogos, designers e educadores dinamizem as exposições de acordo com o resultado dessa análise.


2- Um museu, suas dificuldades:

É nesse novo contexto museológico que surge a proposta de criação do Museu de Antropologia (MUSA) da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Embora o museu tenha sido criado no papel desde 1978, na verdade nunca conseguiu um espaço adequado para suas instalações e funcionamento condigno (DANTAS, 1990, p.2).

As exposições estudadas são resultados das pesquisas do Setor de Antropologia, que encontraram na produção de exposições itinerantes um modo de contornar a ausência de espaço físico, levando à sociedade o resultado de estudos sobre índios; negros; rituais folclóricos; paleontologia e arqueologia.
Em 1983 o Museu de Antropologia ganha um espaço no Centro de Cultura e Arte (CULTART/UFS) que passou a se chamar "Sala de Cultura Popular". Apesar de ter sido dispensado um espaço ao MUSA, as exposições continuaram a ser itinerantes. Em 1988 a Sala de Cultura Popular, deixa de funcionar, o acervo retorna ao Campus Universitário onde foi destinado um espaço no Centro de Ciências Biológicas e Saúde e o Museu passou a ser denominado Núcleo Museológico. Em 1996 passou a ser chamado de Museu do Homem Sergipano (MUHSE), ocupando o espaço da antiga Faculdade de Ciências Econômicas, localizada na Praça Camerino.
Depois de oito anos, o MUHSE muda para a antiga Faculdade de Serviço Social, situada na Rua de Estância, nº 208, onde funciona atualmente. O edifício onde se encontra o Museu está na área abrangida pelo Plano Diretor de Aracaju, porém ainda

não foi tombado. Desde maio de 2011, o Museu do Homem Sergipano, encontra-se fechado ao público, e foi interditado por apresentar problemas estruturais no prédio.
Nesse sentido, a UFS vem tomando as medidas cabíveis como, por exemplo, os estudos para a elaboração do projeto arquitetônico. Porém, mesmo estando fechado à visitação, o MUHSE recebe estudantes para pesquisas, pois dispõe de um acervo documental e uma biblioteca com inúmeras obras. Destaca-se o fato de este artigo ser fruto de uma pesquisa que está ocorrendo no Museu do Homem Sergipano enquanto o mesmo continua fechado.


3- Comissão de estudos Índios em Sergipe e sua contribuição ao MUHSE:

Esta Comissão está ligada ao Grupo de Pesquisas Cultura, Identidade e Religiosidades- Departamento de História- UFS. E originou-se como consequência de uma atividade de extensão de um grupo de estudantes orientados pelo Profº Drº Antônio Lindvaldo Sousa4


4 Licenciado em História pela Universidade Federal de Sergipe; Bacharel em História pela Universidade Federal de Sergipe; Mestre em História pela Universidade Federal de Minas Gerais; Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.


5 Antropóloga, escritora e pesquisadora. Professora aposentada da Universidade Federal de Sergipe.


Além da proposta de aprofundar os estudos sobre os índios sergipanos, havia o interesse de levar a diante os trabalhos da antropóloga e professora Beatriz Góis Dantas já que a mesma dedicou anos de pesquisas e tem várias publicações sobre o tema. Em parceria da Comissão de estudos Índios em Sergipe com o Museu do Homem Sergipano foi iniciado o trabalho de classificação e análise das exposições com a temática indígena, realizadas pelo Setor de Antropologia- UFS.


4- A temática e avaliação das exposições

Temática
Com a parceira do MUHSE e a Comissão Índios em Sergipe, foi proporcionado um levantamento das exposições, contabilizando treze (13) com temática indígena. Desse total, são trabalhadas neste artigo, cinco delas serão avaliadas.
As exposições com o tema indígena exprimiam a situação destes povos na época, como cita a Professora Beatriz Góis Dantas5:

5
"No final da década de setenta, no bojo de um movimento geral em que as minorias ganham visibilidade na sociedade brasileira e começa a reivindicar direitos, os Xokó, a exemplo do que ocorre com muitos outros índios do Nordeste, encetam um processo de reetnização que envolve a luta pela posse de terra e a busca de reconhecimento de sua identidade étnica como garantia de direitos assegurados pela Constituição". (DANTAS, 1995, p.3)


Fez-se um contraponto entre a realidade dos grupos indígenas, em âmbito nacional, com a situação do povo Xokó

em Sergipe. Pois, estes são últimos povos indígenas que vivem em aldeia no estado.
6 Índios que habitam uma aldeia localizada na Ilha de São Pedro-Porto da Folha/SE.
7 Autora da Dissertação de Mestrado em Comunicação e Artes, da Universidade de São Paulo, 1995.


O objetivo era mostrar quem era e como vivia os atuais Xokó da Ilha de São Pedro, município de Porto da Folha em Sergipe e, ao mesmo tempo, informar sobre a história do grupo, as pressões que levaram à negação da existência de índios no bojo de uma ideologia assimilacionista e de expropriação de terras das aldeias. No centro das discussões estavam questões como mestiçagem, cultura e identidade étnica trabalhadas de modo a desvincular a noção de grupo étnico como algo fixo e imutável. (DANTAS, 1995, p. 4)


Avaliação:
A avaliação das exposições, que se encontram no Museu do Homem Sergipano, atende a uma metodologia que analisa alguns critérios como: proposta conceitual; linguagem de apoio (linguagem verbal; linguagem iconográfica; títulos; textos; etiquetas); e relação museu-escola. Tal forma de avaliação baseia-se na proposta contida na Dissertação de Mestrado de Adriana Mortara Almeida

7, porém os critérios utilizados neste artigo foram adaptados para a realidade do presente estudo.
 
a) Xocó Hoje-1981
Objetivando a discussão e reflexão da realidade da aldeia Xokó após a retomada da Caiçara, o Museu de Antropologia criou a exposição Xokó Hoje. Para a produção desta exposição foi feito levantamento populacional, entrevistas com os índios, e fotografias.
Em 1996, em comemoração aos 16 anos da retomada da caiçara pelo povo Xokó, foi atualizado os dados da exposição Xokó Hoje, e percebendo que as informações contidas nesta última estavam defasadas, fez-se uma reformulação nos elementos expositivos e mudou o nome para Xokó: presença indígena em Sergipe. Tal fato foi observado após estudo de um catálogo das exposições, produzido pela professora Beatriz Gois Dantas, no qual a mesma descreve sobre a elaboração das exposições concebidas pelo Núcleo de Antropologia. Neste catálogo foram anexadas fotografias de quando a exposição foi apresentada ao público, ao observá-las pode-se constatar que alguns materiais da exposição Xokó Hoje, são idênticos àqueles encontrados na exposição Xokó: presença indígena em Sergipe.
Por esse motivo, pode-se considerar que o objetivo da criação da exposição Xokó: presença indígena em Sergipe era semelhante ao da exposição anterior.
Com o auxílio de fotografias localizadas no acervo do MUHSE pode-se perceber que a exposição Xokó: Presença indígena em Sergipe foi reproduzida, no mínimo, duas vezes; em 1996 e em 1999 no CULTART. Da reprodução de ano de 1996, não foi encontrado material ou projeto da exposição. Porém, da remontagem de 1999, encontrou-se grande parte dos elementos.
 Proposta Conceitual:
Ao elaborar esta exposição, a proposta conceitual era a de discutir e refletir sobre a história e a realidade dos índios Xokó pós-retomada da Caiçara

8. Desse modo, informar a sociedade sergipana da existência e da reafirmação da identidade cultural dos índios.
8 Caiçara é a denominação comum de território costeiro. No caso dos Índios Xokó, em Sergipe esse território corresponde à faixa litorânea próxima a Ilha de São Pedro-Porto da Folha/SE.

 
Linguagem de Apoio:

Linguagem Verbal:
Títulos:
Os títulos da exposição são apresentados nos painéis de abertura acompanhados por gravuras ou desenhos que sugerem a temática.
Textos:
A proposta museológica das exposições atendia de forma eficaz as condições de visualização dos textos e suas legendas por apresentarem formas e tamanhos adequados ao público alvo.
Os textos eram de fácil assimilação e o modo em que foram dispostos, permitia que várias pessoas pudessem ler o conteúdo simultaneamente. No entanto, as condições de reprodução dos textos da época em que foram elaboradas as exposições, não permitiam um conforto na visualização gráfica dos mesmos.
Etiquetas:
As etiquetas, geralmente, apresentam tamanhos de letras maiores, por exemplo, os créditos da exposição, e legendas dos objetos expostos. Apresentam tamanhos relativamente maiores das demais.



Linguagem Iconográfica:
A linguagem iconográfica de uma exposição deve ser constituída de elementos que permitam ao visitante conceber a ideia do que esta sendo exposto, sem a necessidade de ler os textos respectivos.
Como o público alvo das exposições estudadas para confecção deste artigo era principalmente estudantes do ensino de 1º e 2º graus (atual ensino fundamental e médio), a linguagem iconografia exigia uma elaboração lúdica e de simples assimilação.
Nas exposições eram utilizadas fotografias, textos, fotocópias, mapas e objetos típicos da cultura indígena. Tais objetos ainda fazem parte do acervo do Museu do Homem Sergipano.
 Relação Museu-Escola:
O Projeto Museu-escola da exposição Xokó: Presença indígena em Sergipe é coordenado pela professora Maria do Socorro A. Secundo, e pretendia aproximar o

8
educado a instituição museal, o que difere do objetivo das exposições realizadas pelo núcleo do antropologia que promovia a extensão da universidade as escola.
Considerações da avaliação:
A exposição Xokó: Presença indígena em Sergipe pode ser restaurada em outro suporte, pois seus elementos são fotografias e fotocópias de textos e suas originais podem ser facilmente encontradas. Quanto aos desenhos, também podem ser reproduzidos e os objetos indígenas, após levantamento na reserva técnica do MUHSE, alguns foram encontrados.
b) O Nu e o Vestido-1982
Temática
A exposição O Nu e Vestido foi apresentada ao público no ano de 1982, pela primeira vez na galeria Jordão de Oliveira /UFS, no ano seguinte foi montada no Instituto de Educação Rui Barbosa e a ultima montagem foi em 1991 no Museu Histórico de Sergipe na cidade de São Cristóvão. A exposição tenta desconstruir a ideia cristalizada na sociedade de classificar a cultura e origem pelos estereótipos. Mostrando com um título bastante sugestivo: "O Nu e o Vestido", que ser índio não implica em características físicas, e sim a conservação de sua identidade cultural.
Avaliação
 Proposta conceitual
A exposição provoca uma reflexão sobre a situação atual de grupos indígenas em todas as regiões do Brasil. É retratada nos painéis, a partir de cartazes e fotocópias, a população, seus costumes, e as dificuldades de cada grupo em suas respectivas regiões ocupadas no país.
 Linguagem de apoio



Linguagem verbal
Títulos
O tamanho das letras referente aos títulos da exposição é de fácil visualização e são sempre explicados de acordo com o assunto abordado.

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Textos
Os textos da exposição são compostos por pequenos cartazes que proporcionam uma má visualização, pois o tamanho das letras utilizadas exige que o visitante se aproxime demasiadamente para ler os textos.
Etiquetas
As etiquetas corespondem a mesma dinâmica dos textos, letras de pequeno porte que dificulta a visualização.
 Linguagem iconográfica
Quanto a linguagem iconográfica, a exposição dispõe de cartazes e fotografias que foram retiradas de revista, auxiliando assim, na rápida assimilação do conteúdo.
 Relação Museu-escola
Desta exposição não foi localizada o projeto educativo, deste modo, não é possível relatar sobre essa relação. Apenas a existência de fichas de empréstimo da exposição, por parte das escolas, é que comprovam que a mesma foi utilizada para este fim.
c) O Índio nos Jornais- 1986
Temática:
A exposição O Índio nos Jornais mostra, a partir de recortes de jornais, a luta do povo indígena por suas terras e seu lugar na sociedade brasileira.
Avaliação:
 Proposta conceitual:
Utilizando recortes de jornais, de renome nacional, e trechos do Diário do Imperador D. Pedro II, o Setor de Antropologia leva à público a discussão sobre a posse de terra que os índios buscavam. Assim como, a luta pelo espaço e reconhecimento no Brasil.
 Linguagem de Apoio:



Linguagem Verbal:
10

Na análise e catalogação das exposições existem alguns problemas quanto à localização dos elementos. Como o caso da exposição O Índio nos Jornais, que a falta de elementos impossibilitam a análise da exposição neste sentido, por não ser encontrado nada referente a títulos e etiquetas.
Textos
Os textos que compõem a referida exposição são matérias de caráter jornalístico, desta forma a qualidade do papel utilizado para a impressão não favorece uma leitura confortável, exigindo que os visitantes aproximarem-se demasiadamente dos painéis para ler as noticias. Com a linguagem utilizada nas exposições não é atrativa ao publico infantil, além de dispor de uma linguagem incompatível com nível de formação de alguns visitantes. O tamanho das letras utilizadas nos textos dificulta a visualização, impedindo que muitas pessoas leiam um texto ao mesmo tempo.
 Relação museu-escola
Não foi localizado nenhum projeto educativo na embalagem da exposição, sendo assim, a avaliação neste aspecto não é possível.
Considerações da avaliação
A exposição é uma das mais comprometidas no que se refere ao número de elementos encontrados, não foi localizado o projeto e o mapa museográfico, impedindo a remontagem e a catalogação da mesma.
Quanto à transferência do material expositivo não será possível, pois está em elevado grau de deterioração e incompleta.
d) O Avesso da Conquista-1990
A exposição O Avesso da Conquista foi elaborada em comemoração ao IV Centenário da Conquista de Sergipe, e consistia em mostrar a consequência dessa batalha para os índios que habitavam essas terras. Já que, estes últimos foram subjulgados pelos europeus e aniquilados em sua maioria.
A exposição foi reproduzida de modo sintético e exposta uma única vez. Visto que fazia parte de um trabalho que ainda estava em andamento no Setor de Antropologia, e mais tarde veio a incorporar a exposição O Índio em Sergipe, no mesmo ano. Como consequência, esta exposição não pode ser avaliada como as demais.

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Considerações da avaliação:
Desta exposição apenas foi localizado nenhum elemento referente à mesma, dessa forma é impossível a reprodução da mostra em outro suporte.
e) O Índio em Sergipe-1990
Temática
Essa exposição conduz o visitante num percurso linear da história dos índios de Sergipe no contexto nacional, desde a chegada dos europeus em 1500 até a retomada da Caiçara, pelos índios Xokó. O Setor de Antropologia promoveu a exposição em comemoração ao IV Centenário da Conquista de Sergipe, como cita a professora Beatriz Góis Dantas:


"O ano de 1990 marcará o VI Centenário da Conquista de Sergipe, (...). O momento é pois adequado para uma discussão sobre os índios que, enquanto habitantes dos territórios conquistados, sofreram em suas populações, sociedades e culturas, o impacto da conquista e da colonização"(DANTAS, 1989, p. 1)


Avaliação
 Proposta Conceitual:
Levar o público a refletir sobre os processos sofridos pelos índios, durante os quatrocentos anos após a conquista do território sergipano. Juntamente com O Avesso da Conquista, a exposição O Índio em Sergipe, fez parte da comemoração do IV Centenário da Conquista de Sergipe.
 Linguagem de Apoio:



Linguagem Verbal:
Títulos
A estrutura da exposição referida dispõe de títulos que são facilmente compreendidos pelos visitantes, As letras têm tamanhos e formas adequados que permitem uma ampla e agradável visualização dos elementos nos painéis.
Textos

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Os textos que compõe a exposição foram dispostos de forma que permitia a ampla visualização, uma vez que eles eram expostos em suporte de papel.
Etiquetas
A maioria das etiquetas que foram utilizadas na exposição foi localizada durante a catalogação da exposição. As etiquetas e legendas têm letras de tamanho favorável para que ler, além de terem sido dispostas de forma que promovia a rápida assimilação com o assunto e objetos expostos.



Linguagem Iconográfica
Quanto à linguagem iconográfica a exposição dispõe de muitas gravuras, desenhos, mapas e cartazes que contam a história do índio em Sergipe de forma lúdica e didática promovendo a rápida absorção do conhecimento.
 Relação Museu-Escola:
Com relação ao projeto museu-escola, a professora Beatriz G. Dantas discorre:


"(...), pois muito mais do que ser simplesmente vista, a exposição tem como proposta envolver professores e alunos num trabalho pedagógico mais consequente, no sentido de levar à reflexão sobre a presença e o papel do índio na sociedade sergipana e brasileira. Concebida desde suas origens como uma exposição didática, ao integrar-se às atividades do Projeto Museu-escola procurou-se por em prática a função educativa atribuída aos museus." (DANTAS, 1989, p. 4)


O projeto museu-escola na exposição O índio em Sergipe foi bastante atuante, segundo analise nas fichas de empréstimo da exposição nota-se que ela percorreu ao longo do ano de 1990 a 1991 inúmeras escolas e atendendo a mais de 120 professores e cerca de 7000 pessoas.

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5- Considerações Finais:

As exposições itinerantes do Museu do Homem Sergipano são fontes para os estudos da história cultural de Sergipe, mas o que se configura é a necessidade de transforma-las em outro suporte. Após a avaliação que gerou este artigo pode-se sugerir que algumas destas exposições estão aptas para tanto, e outras não. Há exposições que dispõe de material que para ser novamente publicados, porém será necessária a atualização das informações.
Vale ressaltar que apenas cinco exposições com temática indígena foram retratadas neste estudo. O trabalho de catalogação e avaliação das demais exposições terá continuidade, até que as restantes passem pelo mesmo processo. O trabalho de catalogação e, quando possível, a substituição de suporte é imprescindível para que estas exposições possam continuar sendo objeto de pesquisa e continuar a promover a interação de trabalhos acadêmicos da UFS com o ensino básico.

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Referências Bibliográficas:


ALMEIDA, Adriana Mortara.

A Relação do Público com o Museu do Instituto Butantan: Análise da exposição ‘Na Natureza não existem vilões’. São Paulo. Escola de Comunicações. Universidade de São Paulo, 1995.
ANDRADE, Crécia Maria; LIMA, Marcos Paulo Carvalho.
DANTAS, Beatriz Góis.

Catálogo: 1981-1992.
FREIRE, Priscila. Apresentação. In: GIRAUDY, Danièle; BOUILHET, Henri.

O Museu e a Vida. Rio de Janeiro: Fundação Nacional Pró-Memória; Porto Alegre: Instituto Estadual do Livro; Belo Horizonte; UFMG, 1990.
NUNES, Verônica. O Museu do Homem Sergipano.

Patrimônio e Memória. UNESP-FCLAs-CEDAP, 2010, v.6, n.2, P. 78-96, dez.
REUNIÃO DE ANTROPOLOGIA DO NORTE E DO NORDESTE, IV, 1995, João Pessoa.

Do Campus para as Escolas: uso da fotografia na divulgação de pesquisas e na integração de saberes. João Pessoa. GT Antropologia Visual, 1995.